Diástase abdominal

o que deves saber?

A nossa parede abdominal é composta pelos músculos transverso do abdómen, oblíquo interno, oblíquo externo e retos abdominais. Os retos do abdómen estão unidos por uma estrutura de tecido conjuntivo chamado linha alba, que precisa de ter mobilidade para que seja possível respirar, tossir e para que o abdómen possa expandir durante a gravidez e precisa também da tensão para distribuir as cargas a que é submetido.

Quando os retos abdominais se encontram afastados em excesso, falamos de diástase abdominal. Esta é uma disfunção da parede anterior do abdómen onde existe um aumento da separação dos músculos retos abdominais e se verifica a perda de capacidade de tensão e força através da linha alba.

 

Algumas dessas estruturas são como as ”paredes de uma casa” – a parede superior ou teto é o diafragma, a parede inferior ou chão é o pavimento pélvico, a parede anterior os músculos abdominais e a parede posterior a coluna lombar. É necessário um equilíbrio entre todas as parede para que o nosso corpo funcione de forma adequada. A diástase surge num contexto disfuncional e mais do que querer fechá-la é importante perceber como estão as estruturas que sustentam o nosso sistema postural.

Quando acontece?

Pode acontecer em várias situações, por exemplo, durante a gravidez, se houver um aumento excessivo de peso, com exercício físico realizado de forma incorreta e após cirurgia.

Quais os sinais e sintomas?

 ~ Dor ao nível da coluna, principalmente, lombar;

~ Postura incorreta;

~ Dor pélvica;

~ Flacidez abdominal;

~ Incontinência urinária;

~ Hérnia umbilical;

~ Obstipação;

~ Excesso de pele ao redor do umbigo.

Como tratar?

É importante iniciar o tratamento antes de qualquer atividade física, para aprender a realizá-la de forma correta. Não devemos esperar entre gestações para iniciar o tratamento: haverá menor agravamento da diástase na gestação seguinte, melhor posicionamento do bebé durante a gravidez, melhor postura e menor desconforto da grávida. Há sempre possibilidade de tratamento, independentemente da gravidade ou da longevidade da diástase. Cada tratamento é adaptado em função da extensão das lesões associadas, por isso, a avaliação com um fisioterapeuta pélvica é primeiro passo a dar.

É uma fase em que devemos evitar posturas e exercícios demasiado fortes para a faixa abdominal, exercícios que aumentem a pressão intra-abdominal e manobras de Valsalva. Deve, ainda, ser tratada a obstipação, se presente. A aromaterapia tem um papel importante no tratamento da obstipação de uma forma mais natural, durante a gravidez e no pós-parto, por exemplo, durante a gravidez através da aplicação de compressas mornas com óleo de camomila romana sobre a zona abdominal ou de uma almofada de sementes aquecida sobre a mesma zona. Em casos mais graves, poderá ser feita a estimulação anal, sempre com cuidado. Após o parto, uma massagem na barriga com uma mistura de óleo de camomila romana em óleo vegetal.

Segundo Kari Bo e colaboradores, a contração dos retos abdominais aproxima a linha alba e a contração do transverso do abdómen separa a linha alba.

Os estudos de Diane Lee verificam que existe maior deformação e distorção da linha alba com a ativação dos retos abdominais e com a ativação do transverso existe uma maior separação mas também uma maior tensão na linha alba, por isso, recomendam o trabalho dos retos abdominais em combinação com o transverso. 

Algumas curiosidades

– Os estudos demonstram que a diástase regride parcialmente até 4-6 semana após o parto, mas depois desse período é necessária intervenção profissional

– A avaliação é complexa não é só importante medir a largura, comprimento e profundidade mas também perceber o défice que possa existir ao nível da postura, mobilidade pélvica, padrão respiratório, marcha, força e tónus muscular.

– A diástase afeta homens e mulheres, não sendo aldo apenas estético mas também funcional.

– Consegue distinguir-se pela típica barriga de mamã proeminente, que não melhora totalmente com dieta, exercício físico ou tratamento estéticos.

– A sutura dos retos abdominais não resolve a Diástase – não é por suturar o músculo que vamos deixar de ter as consequências negativas da pressão intra-abdominal, pelo contrário, a pressão vai ser exercida no sentido inferior, sobrecarrega o pavimento pélvico e há maior risco de prolapso dos órgão pélvicos e incontinência urinária.

 

Artigo escrito por Raquel Cristóvão

 

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